"Todo músico de jazz um dia vai pro céu. Chick Corea morre. Ao chegar diante de São Pedro, ele escuta o som de piano e escabreado pergunta:" O Keith Jarrett também morreu !?! "O santo ri:" Não meu filho , o Keith Jarrett está vivo na Terra ...". Corea cruza o portão celeste, volta a ouvir o inconfudível piano e tem um chilique. Dá meia volta e diz: "Você me enganou, São Pedro! disse que ele não estava aqui! ". Santo que é santo não perde a calma, e São Pedro repete:" Não Keith Jarrett não esta aqui...". Corea insiste: "Ah, é!?! E quem é que está aí tocando piano desse jeito !?!" São Pedro enfim entende o que pertuba o recém-chegado: "Ah, fique calmo. É Deus. Quando Ele toca piano, acha que é Keith Jarrett ..." ".
"Gosto Muito Dessa anedota. Porquê às vezes é dificil acreditar também em Keith Jarrett, no que ele faz quando está ao piano, em particular na intermitente série de concertos solo, inteiramente improvisados, série da qual " The Köln Concert ", de 1975, é o disco mais famoso e mais vendido. Imagine, sentar-se diante de uma platéia, sem nenhum roteiro prévio, nenhuma idéia em mente e tocar. Tocar, sonhar talvez. Nessas horas, lembro-me de David Bem-Gurion falando de Albert Einstein : "Voce compreende que Einstein é um cientista que não precisa de laboratório, de equipamento, de instrumento de qualquer tipo !?! Ele senta apenas senta numa sala vazia, com uma caneta , um pedaço de papel e seu cérebro ".
As salas nunca estão vazias para Keith Jarrett e um piano é um tremendo de um instrumento, complexo paca . Porém à sua moda o músico americano relativizou também nossas noções de tempo e espaço. Ouvir um desses concertos exige do ouvinte a mesma entrega do compositor instantâneo / Intérprete, exige a suspenção da descrença e da própria realidade.Quando isso ocorre, ficam os dois, um de cada lado do aparelho de som, pontuando os shows com "ahs" e "uhs", interjeições orgiásticas , tão características de Jarrett quanto de outro gênio do piano, o erudito canadense Glenn Gould. Diferentemente de Jarrett, Gould que retirou-se das salas de concerto muito antes de morrer aos 50 anos, em 1982.
Keith Jarrett não foi praticar piano entre as nuvens , felizmente mas graças a ele nos já estamos no sétimo céu há muito tempo .
(Texto: Arthur Dapieve)
O sentimento que fica ao terminar de ouvir The Köln Concert e seus sessenta e cinco minutos de rara beleza musical é o de esperança. Esperança, sobretudo, na obra humana, de como o homem tenta nobremente se igualar a Deus em fortuna criativa, sem dever-lhe, em certos casos, quase nada.
Keith Jarrett comecou como saxofonista de Charles Lloyd em 1966, tocando sax soprano e eventualmente piano. Nos anos 80-90, Além dos concertos solos e dos concertos de música erudita, formou o trio Standarts com DeJornette e Peacock .
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